Carreira em M&A: por onde começar na advocacia empresarial

O setor de M&A (Mergers and Acquisitions) tem se consolidado como uma das frentes mais relevantes dentro do Direito Empresarial. Transações de fusão e aquisição movimentam não apenas cifras bilionárias, mas também uma estrutura jurídica sofisticada, que exige domínio técnico, estratégia e conhecimento prático das cláusulas contratuais envolvidas.
Advogados que buscam novos caminhos profissionais ou que desejam migrar da atuação contenciosa para a consultiva encontram em M&A um campo fértil para desenvolvimento. No entanto, o ingresso nessa área exige preparação. Neste conteúdo, abordamos o que significa atuar com M&A na advocacia, quais habilidades são necessárias, onde estão as oportunidades e como começar de forma sólida.
1. O que é M&A e por que essa área cresce entre os juristas
M&A refere-se ao processo de fusão, incorporação ou aquisição de empresas, seja por estratégias de expansão, entrada em novos mercados, ganho de sinergia ou consolidação setorial. Trata-se de uma operação comum no ambiente empresarial e, frequentemente, atravessa setores estratégicos como tecnologia, energia, educação, saúde, finanças e varejo.
Do ponto de vista jurídico, essas transações demandam acompanhamento desde a fase inicial de due diligence, passando pela estruturação societária e contratual, até a resolução de eventuais disputas pós-fechamento. A atuação do advogado é central para garantir segurança jurídica às partes, equilibrar riscos e assegurar o cumprimento de obrigações.
Com a elevação do número de operações no Brasil — especialmente em startups, fundos de investimento e setores regulados — cresce também a demanda por advogados especializados em contratos de M&A.
2. A atuação jurídica em M&A: muito além da elaboração de contratos
O papel do advogado em operações de M&A vai além da simples redação contratual. Envolve:
- Análise de riscos legais e societários;
- Revisão e interpretação de documentos financeiros e regulatórios;
- Estruturação de garantias contratuais e condições de pagamento;
- Condução de negociações entre as partes;
- Prevenção e gestão de conflitos contratuais;
- Participação em arbitragens e mediações.
O conhecimento técnico é fundamental, mas a atuação prática exige habilidades estratégicas de negociação, leitura de cenários e tomada de decisão sob pressão. O jurista que domina esses elementos torna-se uma peça-chave no fechamento de transações relevantes.
3. Domínio contratual: onde nascem as disputas em M&A
Boa parte das disputas envolvendo M&A surgem a partir da má redação ou da interpretação ambígua de cláusulas contratuais. Entre as mais sensíveis estão:
- Price Adjustment: ajustes de preço com base em métricas pós-fechamento;
- Earn-outs: pagamentos condicionados ao desempenho futuro da empresa adquirida;
- Representations and Warranties: garantias fornecidas pelas partes sobre informações prestadas;
- Indemnities: cláusulas que tratam de indenizações por violações contratuais;
- Non-compete: limites à atuação das partes em mercados concorrentes após a operação.
É comum que essas cláusulas sejam objeto de litígios em arbitragens, especialmente quando envolvem valores expressivos, obrigações de performance ou aspectos regulatórios específicos. Por isso, dominar tecnicamente cada um desses pontos é essencial para evitar conflitos e garantir segurança jurídica.
4. Quais áreas do Direito se relacionam com M&A
M&A é uma área interdisciplinar, que exige do advogado uma visão integrada de diferentes ramos do Direito:
- Direito Societário: reorganizações, alterações contratuais, estrutura de holdings;
- Direito Contratual: elaboração, revisão e negociação de contratos complexos;
- Direito Tributário: impactos fiscais da operação e análise de passivos;
- Direito Regulatório: cumprimento de normas setoriais, especialmente em setores como energia, saúde e telecom;
- Direito Arbitral: resolução de disputas decorrentes do contrato.
Esse perfil multidisciplinar faz com que o advogado de M&A tenha papel estratégico dentro dos escritórios e departamentos jurídicos, funcionando como ponte entre as áreas jurídica, financeira e de negócios.
5. Perfil profissional: competências para atuar com M&A
Para advogados que desejam ingressar nessa área, o desenvolvimento de certas competências é determinante:
- Capacidade de análise de riscos e estrutura contratual;
- Leitura fluente de documentos empresariais e financeiros;
- Comunicação técnica e objetiva para negociações;
- Senso estratégico e organização;
- Familiaridade com práticas de due diligence.
Além do conhecimento jurídico, é importante entender a lógica empresarial por trás de cada operação. Saber interpretar o objetivo econômico da transação ajuda o profissional a propor cláusulas mais eficazes e prevenir futuras disputas.
6. Como começar a atuar com M&A na prática
Muitos advogados iniciam sua trajetória em M&A a partir de áreas correlatas, como o Direito Societário, Contratual ou Tributário. Outro caminho comum é a transição de carreiras contenciosas para consultivas, especialmente entre profissionais que desejam trabalhar com empresas.
Para dar os primeiros passos, é recomendável buscar formações práticas e específicas que aprofundem o entendimento sobre as cláusulas contratuais, os bastidores das negociações e os principais conflitos que surgem nas operações.
7. Uma formação introdutória com foco prático: curso da EBRADI
Uma das opções para quem deseja começar com segurança é o curso livre “Disputa nos Contratos de M&A e os Bastidores Secretos”, oferecido pela EBRADI. O conteúdo é focado justamente na estrutura jurídica dos contratos de M&A e nos principais conflitos que podem surgir entre as partes.
O curso tem formato 100% online, carga horária de 6h e é ministrado pelo professor Daniel Kalansky, advogado e árbitro com ampla experiência na área.
Entre os temas abordados estão:
- Cláusulas de price adjustment, earn-out e indenização;
- Estratégias de negociação jurídica;
- Gestão e prevenção de disputas contratuais.
A formação é indicada para advogados, consultores jurídicos, profissionais de arbitragem e estudantes que desejam ingressar no setor empresarial com mais preparo técnico.
Mais informações estão disponíveis no site da EBRADI: Disputa nos Contratos de M&A e os Bastidores Secretos
O que esperar da carreira em M&A?
Ingressar na advocacia empresarial por meio do M&A é uma escolha estratégica para quem busca atuação em ambientes de negócios, com impacto direto nas decisões das empresas. A área exige preparo técnico, atualização constante e um olhar prático para os desdobramentos contratuais.
Ao dominar as cláusulas mais relevantes, compreender os interesses das partes e antecipar riscos jurídicos, o advogado passa a ser não apenas um executor de documentos, mas um consultor indispensável no processo de tomada de decisão.
Para quem busca crescimento, valorização profissional e participação em transações relevantes, M&A é um caminho promissor — e começar pelos fundamentos contratuais é o passo mais sólido para se posicionar no mercado.