Fusões e aquisições de empresas: papel do advogado e aspectos essenciais
As fusões e aquisições de empresas (também conhecidas pela sigla M&A, do inglês “mergers and acquisitions”) são, basicamente, negociações realizadas entre instituições empresariais com o objetivo de unir operações, aumentar a competitividade e fortalecer a presença no mercado. Entretanto, há uma diferença no conceito dessas palavras: enquanto a fusão representa a união entre sociedades para criação de uma nova entidade, a aquisição ocorre quando uma empresa absorve o controle de outra.
Ambas as operações envolvem aspectos jurídicos, financeiros, contábeis e estratégicos complexos, sendo fundamental a atuação de advogados especializados em fusões e aquisições.
Vantagens das fusões e aquisições empresariais
Empresas que optam por processos de M&A podem se beneficiar de diversas formas:
- Absorção de novas tecnologias;
 - Ampliação da carteira de clientes;
 - Acesso a novos mercados;
 - Ganho de escala e eficiência operacional;
 - Maior preparação para situações de crise;
 - Redução de custos por sinergias operacionais.
 
Esses benefícios, no entanto, só se concretizam quando o processo é bem planejado, executado com segurança jurídica e conduzido por profissionais experientes.
Quais são os principais aspectos das fusões e aquisições?
Há vários aspectos relevantes nas operações de M&A. Um dos principais é que essas transações não devem gerar oligopólio ou monopólio, comprometendo a livre concorrência. Por isso, as fusões e aquisições devem ser submetidas à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).
Atuação do CADE
O CADE é responsável por analisar e decidir sobre a legalidade das operações, garantindo que não haja abusos de poder econômico. O órgão atua com base na Constituição Federal e na Lei da Livre Concorrência, protegendo:
- Livre iniciativa;
 - Defesa dos consumidores;
 - Função social da propriedade;
 - Repressão ao abuso de poder econômico.
 
Operações no setor financeiro
Quando a operação envolve instituições financeiras, a competência para fiscalização é do Banco Central do Brasil (BACEN).
Qual é o papel do advogado em fusões e aquisições de empresas?
O advogado especializado em fusões e aquisições é uma figura central em todas as fases do processo. Sua atuação visa garantir segurança jurídica, conformidade regulatória e o melhor interesse do cliente.
Atribuições do advogado em M&A
- Avalia os riscos do negócio;
 - Coordena os processos de due diligence;
 - Redige contratos e acordos;
 - Revisa cláusulas que possam comprometer o comprador ou o vendedor;
 - Atua como mediador entre as partes envolvidas;
 - Atua junto ao CADE ou BACEN, quando aplicável.
 
Exemplos práticos
- Fusão entre Itaú e Unibanco: criação do Itaú Unibanco;
 - Aquisição da Sadia pela Perdigão: origem da BR Foods (BRF).
 
Esses casos exigiram uma atuação jurídica altamente especializada, com foco na reestruturação societária e na prevenção de passivos ocultos.
A importância do compliance em M&A
Um ponto que merece destaque é a necessidade de implementar ou reforçar programas de compliance nas empresas envolvidas em uma operação de M&A. Isso é relevante tanto para a continuidade dos negócios quanto para a imagem da organização após a transação.
Entre as principais ações, destacam-se:
- Avaliação de riscos legais, regulatórios e reputacionais;
 - Análise da conformidade com leis anticorrupção, como a Lei nº 12.846/13;
 - Identificação de práticas internas incompatíveis com a legislação;
 - Reestruturação de códigos de conduta e canais de denúncia.
 
Empresas que mantêm uma cultura de integridade reduzem a exposição a sanções administrativas e danos à reputação.
Checklist: o que o advogado deve considerar
Para que a atuação em fusões e aquisições de empresas seja eficaz, o advogado deve:
- Ir além do Direito e analisar questões estratégicas;
 - Ter visão de futuro;
 - Apontar riscos e oportunidades do negócio;
 - Investigar a situação jurídica e financeira da empresa-alvo;
 - Focar no que é relevante para o cliente;
 - Estudar profundamente a legislação societária e tributária;
 - Ser preciso na redação dos contratos;
 - Manter registros de pendências e condições.
 
Soft skills para o advogado de M&A
Além do conhecimento técnico, o advogado que atua com fusões e aquisições de empresas deve desenvolver competências interpessoais que favoreçam sua atuação. Entre as principais habilidades, destacam-se:
- Negociação e persuasão: para mediar conflitos e alinhar interesses;
 - Comunicação clara e objetiva: essencial em reuniões, relatórios e audiências;
 - Visão analítica: para antecipar problemas e encontrar soluções viáveis;
 - Gestão de tempo e prazos: devido à complexidade e à multiplicidade de documentos;
 - Trabalho em equipe multidisciplinar: envolvendo contadores, economistas, engenheiros e outros profissionais.
 
Essas competências e habilidades de um advogado são tão importantes quanto a formação jurídica tradicional e contribuem diretamente para o sucesso de uma operação de M&A.
Valuation: estimativa de valor com segurança jurídica
O valuation é um processo crítico em fusões e aquisições, pois define o valor justo da empresa. Embora a parte financeira lide diretamente com a análise dos dados, é essencial que o advogado esteja envolvido para:
- Avaliar os impactos legais do modelo escolhido;
 - Garantir que os dados utilizados são auditáveis e transparentes;
 - Proteger o cliente contra superavaliações ou subavaliações abusivas;
 - Analisar cláusulas de earn-out e contingências contratuais;
 - Integrar aspectos financeiros e jurídicos para uma avaliação precisa.
 
Due Diligence: investigação jurídica aprofundada
A due diligence é uma auditoria jurídica, fiscal, trabalhista e ambiental da empresa que será adquirida. Ela tem como objetivos:
- Identificar riscos e passivos ocultos;
 - Mapear litígios e pendências tributárias;
 - Avaliar a conformidade regulatória;
 - Proteger o comprador de surpresas futuras;
 - Validar contratos com fornecedores e clientes;
 - Verificar órgãos reguladores e licenças vigentes.
 
Durante essa etapa, o advogado analisa toda a documentação societária, contratos vigentes, histórico de processos judiciais, entre outros.
Eficiência fiscal e segurança tributária
A estruturação fiscal da operação é outro ponto fundamental. Um planejamento tributário bem-feito evita:
- Incidência indevida de impostos;
 - Multas por descumprimento de obrigações acessórias;
 - Perdas financeiras futuras;
 - Riscos de autuação fiscal após a conclusão da operação.
 
A atuação do advogado é essencial para garantir a eficiência fiscal da fusão ou aquisição, especialmente em momentos de instabilidade econômica, como o que o Brasil atravessa.
A importância de um jurídico interno estratégico
Para empresas que realizam operações frequentes de M&A, contar com um departamento jurídico interno bem estruturado é um diferencial competitivo.
Quando os advogados internos conhecem profundamente a empresa, conseguem:
- Identificar oportunidades de aquisições vantajosas;
 - Avaliar riscos de forma mais assertiva;
 - Colaborar com consultores externos de forma eficaz;
 - Aumentar a agilidade nos processos de negociação;
 - Reduzir custos com assessorias externas recorrentes.
 
Advogado em M&A: carreira promissora e especializada
A atuação em fusões e aquisições exige formação sólida em Direito Empresarial, Societário e Tributário, além de conhecimento de inglês jurídico e experiência em negociação.
Advogados que desejam se especializar nessa área devem:
- Investir em pós-graduações de qualidade;
 - Participar de cursos de curta duração focados em M&A;
 - Acompanhar cases e jurisprudências recentes;
 - Desenvolver competências em finanças e contabilidade;
 - Atuar em escritórios que ofereçam oportunidades de participação em operações;
 - Estar atento à legislação internacional, em casos de M&A transfronteiriço.
 
Tendências atuais em fusões e aquisições
Nos últimos anos, algumas tendências têm se destacado no mercado de M&A no Brasil:
- Fusões de startups com grandes corporações buscando inovação e tecnologia;
 - Crescimento do setor de tecnologia, saúde e energia renovável;
 - Adoção de cláusulas ESG (ambientais, sociais e de governança) nos contratos;
 - Fortalecimento de operações via SPACs (Special Purpose Acquisition Companies);
 - Consolidação de pequenas empresas para formar grupos mais competitivos.
 
O advogado atualizado e atento às movimentações do mercado tem mais chances de oferecer orientações estratégicas a seus clientes e de se destacar como referência na área.
Pós-graduação em Direito
As fusões e aquisições de empresas são estratégias valiosas para o crescimento empresarial, mas exigem preparo técnico e visão estratégica. Por isso, o mercado busca advogados altamente qualificados e atualizados com as exigências regulatórias, contratuais e societárias.
Se você deseja atuar com M&A ou se destacar no Direito Empresarial, investir em uma pós-graduação em Direito é um passo essencial. Esse tipo de formação aprofunda o conhecimento jurídico, desenvolve competências analíticas e amplia o networking profissional, diferenciais indispensáveis para quem quer conquistar espaço em um setor tão competitivo.